TSF: Um “Speaker’s Garden” em Coimbra

Miguel Midões/ TSF esteve numa das sessões do Speaker’s Garden. Para ler e ouvir aqui.

 

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“Anozero” é a primeira bienal de arte contemporânea que a cidade de Coimbra acolhe até ao próximo dia 29 de novembro. E tem uma espécie de “Speaker’s Corner” em que qualquer pessoa pode participar.

 

O círculo de Artes Plásticas de Coimbra, que detém a organização da Bienal, criou, no Jardim Botânico, o “Speaker’s Garden”.

 

Colando-se ao conceito inglês de “Speaker’s Corner”, onde qualquer pessoa pode chegar e fazer um discurso, este espaço pretende ser um “disseminador” de ideias e troca de experiências, onde quem bem entender pode chegar, sentar-se e conversar sobre qualquer um dos eventos da Bienal ou sobre qualquer obra de arte que tenha apreciado.

 

A TSF tropeçou no discurso de Agnaldo Farias, curador da Bienal de São Paulo, que está em Coimbra a convite da organização da “Ano Zero”.

 

Acolhem-nos quatro mesas, dezasseis cadeiras, uma máquina de café e um “disseminário”, um conceito criado pela Bienal. Trata-se de um mural para deixar mensagens, “para deixar sementes e ideias”, explica Carlos Antunes, curador da Bienal de Coimbra. É o “Speaker’s Garden” de Coimbra.

 

Chega-se, senta-se e discursa-se ou debate-se sobre o que se entender. Um espaço possível numa Bienal em Coimbra, mas um espaço impossível de concretizar em São Paulo. “Aqui você dá guarida, chama muita gente que tem um pensamento versátil, que tem plasticidade, que invade espaço. Isso é inteligente, mais abrangente e acolhe um maior número de expressões, do que aquilo que acontece em São Paulo atualmente”, comenta Agnaldo Farias, que é o curador da Bienal de São Paulo.

 

A Bienal de São Paulo esconde o artista dentro de um edifício. Já a Bienal de Coimbra “foge do trivial. Quando se vai para um espaço de arte, já se vai armado. Sabemos que vamos ver arte. Depois de uma bienal daquela escala, quero fazer projetos menores, pensando que as pessoas circulam pela cidade e encontram coisas que não sabem o que é”, garante.

 

E apeteceu ao curador brasileiro, no espaço do “Speaker’s Garden”, dizer que, quando lhe falaram deste projeto, lhe pareceu “o ovo de Colombo, porque o rigor a tradição de Coimbra é a produção de conhecimento, a produção do novo. Então, produzir uma bienal aqui é o corolário desse processo”.

 

A ideia do “Speaker’s Garden” é um desassombro, explica o curador português Carlos Antunes: “a ideia é que se viva a cidade de uma forma desassombrada, que é exatamente o que não acontece quando refletimos no Património. Há uma carga imposta pelo Património”.

 

Ideias de um encontro proposto ocasionalmente entre dez pessoas que se encontraram e falaram do que entenderam no “Speaker’s Garden”, no Jardim Botânico de Coimbra