Seems so long ago, Nancy / Tatiana Macedo

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Seems So Long Ago Nancy é um filme de Tatiana Macedo que interpela o espectador num conjunto de gestos de observação circular – observar quem observa – uma visão passiva que flutua entre os sujeitos e os espaços que ocupam, num equilíbrio entre silêncio, introspecção, ruído, repetição, intervalos e espera.

 

 

 

Foi Tag Gallagher que disse, a propósito de Pedro Costa e John Ford, que “olhar para pessoas que olham é mais interessante do que olhar para o que elas vêem”. Isto na sequência do que já Straub havia declarado, que “primeiro tem-se a tentação de mostrar uma montanha. […] Depois, um belo dia, percebemos que o melhor é ver o menos possível. Dá-se uma espécie de redução que não é bem uma redução, é antes uma concentração, que acaba por nos dizer mais. […] É preciso tempo e paciência. Depois, até um suspiro se pode transformar num romance.”
Ora, é precisamente com esse tipo de ‘romance’ — urdido com esse tempo e essa mesma paciência e, acima de tudo, resultante dessa concentração do olhar — com que nos deparamos quando somos confrontados com um trabalho como Seems So Long Ago, Nancy, de Tatiana Macedo (Lisboa, 1981).
Durante meses, Tatiana Macedo filmou os vigilantes de sala das galerias da Tate Modern e da Tate Britain, em Londres, durante o seu horário de expediente e no seu habitat natural, como se de uma espécie rara se tratasse.
E se o cinema é o contrário da dispersão, se o cinema é concentração, o que este ensaio fílmico faz é tornar isso uma evidência, ao confrontar-nos com uma presença, bem mais do que com uma representação, e ao permitir-nos o tempo necessário para que a possamos olhar.

O que aqui se propõe é, por isso, muito mais que fazer com que o espectador acabe por se tornar, ao mesmo tempo, uma réplica e um replicador do vigilante de sala, observando-o a observar quem por sua vez ali vai, também, para ver.

Ao trânsito dos visitantes é oposto o estatismo tanto das obras expostas como o dos vigilantes de sala, opondo-os um ao outro na sua imobilidade e numa simetria (que é mediada pela transitoriedade dos que passam) que faz deles pares um do outro.

Os vigilantes de sala são assim tornados os protagonistas anónimos que, numa transferência assinalável operada através da perspectiva inversa que aqui nos é proposta, passam de sujeitos desenhados para se fundirem com a arquitectura da instituição para serem eles próprios as ‘obras de arte’ contempladas.

 

 

Ficha técnica
curadoria curator Laboratório CAPC
produção production Círculo de Artes Plásticas de Coimbra
montagem assembly Círculo de Artes Plásticas de Coimbra

Artistas

Tatiana Macedo


Espaços

12 | Museu Nacional Machado de Castro


Data início

31/10/2015


Data fim

29/11/2015


ter-dom 9h-13h 14h-18h

Bilhetes