Sempre uma coisa a seguir à outra / Colectiva
Um lance de dados – tema da primeira edição da Anozero: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra –, é também o lance curatorial que associa as obras destes artistas nos espaços das Galerias de Física e Zoologia do Museu da Ciência e no Laboratório Chimico. As obras dialogam com e no espaço que surge, implicitamente, redefinido.
Matt Mullican, Sem Título (Overall Chart), 2003
Vidro, marcador, mesa de madeira, Dimensões variáveis
cortesia Cristina Guerra Contemporary Art
Miguel Palma, Enola Gay make my day (pormenor), 2015
180 x 306 x 80 cm. Vários tipos de madeira, ferro, PVC, alumínio, miniatura de avião
bombardeiro B-29 e respectiva caixa do kit de montagem (1945), estrutura métrica
fotografia Pedro dos Reis
A ciência é uma temática recorrente da história da arte. Esta exposição com trabalhos inéditos para a primeira edição da Anozero: Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra e trabalhos de colecções privadas nacionais propõe uma multiplicidade de visões em cadeia – uma a seguir à outra – sobre o universo da ciência ao longo dos espaços das Galerias de Física e Zoologia do Museu da Ciência e no Laboratório Chimico. Os trabalhos e os espaços surgem numa relação de cruzamento sistemático de memórias, referências e símbolos.
Na consciência aumentada da importância dos lugares, os trabalhos desta exposição sinalizam, ainda que involuntária e indirectamente, as práticas disciplinares contidas na particularidade patrimonial com que hoje olhamos para estes edifícios, com as memórias que incorporam e os significados que simbolizam e projectam.
Do registo metódico que desafia a documentação de André Cepeda, à enigmática propagação das palavras de José Maçãs de Carvalho, ao vórtice de João Nora, às cosmologias pessoais de Matt Mullican e à representação de uma memória que envergonha a humanidade com a Enola Gay make my day (2015) de Miguel Palma podem encontrar-se múltiplas técnicas, modos de representação, correntes estilísticas, e um permanente fascínio pelo registo da ciência na sua relação com a humanidade.
O desenvolvimento da ciência e da humanidade andaram sempre de mãos dadas, numa ligação contínua que se multiplica em aspectos identitários, culturais e políticos. Com as suas interligações e interdependências, este desenvolvimento revelará sempre, de um ou de outro modo, uma tentativa – que será sempre inglória – de fixar e eternizar a vida.
Sempre uma coisa a seguir à outra remete precisamente para esta tentativa de eternização através de traduções visuais que nos deixam num limbo entre as memórias do que fomos e as projecções do que poderemos vir a ser.
Ficha técnica
curadoria curator Laboratório CAPC e Luísa Santos
co-produção co-production Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
montagem assembly Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, António Cavaleiro (Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa / Mai 36 Galerie, Zurich), João Biscaínho (Fundação Leal Rios)
iluminação lighting Climar
agradecimentos especiais special thanks to António Albertino, Armando Cabral, Carlota Simões, Cristina Cunha, Cristina Guerra, Fundação Leal Rios
Curadores
Espaços
Data início
31/10/2015
Data fim
29/11/2015
ter-dom 10-18h