Domingo, 8 de Novembro, 15 horas: visita guiada com João Maria André e José António Bandeirinha

João Maria André e José António Bandeirinha efectuam hoje, a partir das 15 horas, uma visita guiada a vário edifícios da Universidade, no âmbito de Risco Interior. A exposição, com curadria de Susana Lobo, mostra o trabalho realizado, entre os anos 40 e 70, na área da arquitetura de interiores e do design de equipamento, para a Cidade Universitária de Coimbra contribuindo para uma leitura da evolução daquelas práticas disciplinares em Portugal no século XX, a par das condições sociais e políticas da época.

 

12190017_10153667479519326_4750853817368490816_n
Sala do Conselho Científico, Faculdade de Letras. Fotografia de Luísa Ferreira.

 

O percurso começa na Biblioteca Geral (Sala do Catálogo, Sala de Leitura e Galeria Superior), passa pela Faculdade de Letras (Sala do Conselho, Sala dos Professores, Teatro Paulo Quintela, Auditório Grande e Biblioteca Central), Faculdade de Medicina, Departamento de Química e Departamento de Matemática.

 

 

Risco Interior pretende dar a conhecer o trabalho realizado na área do design de equipamento para a Cidade Universitária de Coimbra. Pensado como extensão dos edifícios projetados no âmbito da reforma das instalações da Universidade durante o Estado Novo, o desenho de ambientes e de mobiliário então idealizado é expressão espacial e material, simultaneamente, do caráter conservador e autoritário da obra pública do regime e da necessária vanguarda associada a um ensino universitário de excelência. Na verdade, a renovação de imagem que se propõe com a construção da nova “acrópole” de Coimbra é acompanhada por uma atualização dos espaços em consonância com as exigências pedagógicas e científicas dos programas curriculares.

Abarcando desde a criação de autor à produção industrial em série, as peças de mobiliário integradas no conjunto edificado da Cidade Universitária contribuem de forma singular para a humanização dos ambientes criados, formalizando os lugares de representação, potenciando a funcionalidade e a organização racional dos espaços e amenizando a sua escala. A maioria delas é criada exclusivamente para aquela obra e desenhada para responder às especificidades dos diferentes ramos de ensino aí reunidos, constituindo uma vertente não negligenciável do projeto doutrinário que se idealizou para Coimbra. Também a decoração faz parte deste todo, articulando o design de equipamento com o estudo da luz e da cor e com a presença de obras de arte encomendadas especialmente para cada um dos edifícios que formam este complexo.

Intervenção de “tempo longo”, a Cidade Universitária de Coimbra é, por outro lado, testemunho igualmente representativo da evolução concetual e tecnológica que se regista, em Portugal, no desenho de interiores e de mobiliário, no sentido de uma atualização de linguagens e de uma racionalização e estandardização dos processos de produção. Uma evolução em que o autodidatismo e a artesania vão, gradualmente, dando lugar à especialização do design de equipamento e ao fabrico industrial em série.